Colombo, 04 de dezembro de 2019.
A Hierarquia de Necessidades de Maslow
Abraham Maslow foi um psicólogo conhecido pela publicação de um conceito em 1943, onde elencou de forma genial a hierarquia das necessidades humanas. A sua teoria é comumente representada por uma pirâmide, com as necessidades fisiológicas em sua base, seguidas pelas necessidades de segurança, relacionamentos, estima e, finalmente, pela auto-realização. De acordo com Maslow, cada nível da pirâmide que não seja satisfeito pode dificultar ou inviabilizar a busca pela satisfação do próximo nível. Isso significa que, sem as necessidades de saneamento, alimentação e segurança satisfeitas, por exemplo, dificilmente uma pessoa conseguirá ir em busca de uma plena vida social ou realização pessoal.
Políticas Públicas para a Juventude e a Pirâmide de Maslow
O conceito estabelecido por Maslow há mais de meio século identifica corretamente em quais necessidades deveríamos focar para garantir um desenvolvimento satisfatório de nossa sociedade. Em suma, dificilmente serão revelados grandes gênios, por exemplo, em ambientes hostis, onde a carência de necessidades básicas de saúde, saneamento ou segurança estiver presente. Não que eles não existam, apenas não conseguem deixar de se preocupar com a sua sobrevivência básica e motivar-se rumo a grandes realizações ou investir tempo e recursos em seus maiores talentos pessoais.
Quase todas as necessidades da base da hierarquia são funções garantidas por lei e, consequentemente, obrigações do poder público e da sociedade como um todo. Exatamente para isso que existem secretarias públicas de Saúde, Segurança, Educação e outras. Embora muitas delas realizem um ótimo trabalho ao buscar sanar os problemas sob sua responsabilidade com recursos por vezes escassos, é muito evidente que parece faltar um elemento, que possa realmente impulsionar as pessoas rumo ao topo da pirâmide. Nesse contexto, o dano é intensificado no segmento jovem, na medida em que começam a sair da situação onde podem terceirizar a satisfação de muitas das necessidades da base da pirâmide aos seus pais ou responsáveis e ter de garantir por conta própria os seus próprios direitos. Assim, a falta de uma coordenação eficiente de políticas públicas, sobretudo aquelas direcionadas ao público jovem, acabam criando um verdadeiro círculo vicioso, onde geração após geração continua precisando lutar pelos seus direitos mais básicos, sem conseguir avançar a patamares mais elevados do desenvolvimento humano, neste caso a estima e a auto-realização.
Redes de Desenvolvimento Humano
Um elemento crucial para o desenvolvimento pleno dos cidadãos, sobretudo os jovens, é o tratamento efetivo das pessoas em sua essência multifacetada, ou seja com o atendimento de suas várias necessidades simultaneamente.
O que na prática impõe um grande desafio real, tem uma de suas soluções nas redes de desenvolvimento humano. Esse conceito é, de forma simplificada, o estabelecimento de redes compostas por várias secretarias públicas que, em conjunto, procuram estabelecer ações cooperativas para que, não só os problemas sejam sanados, mas também sejam corretamente endereçados. Assim, ações podem ser estabelecidas para que, ao mesmo tempo que uma secretaria atue na prevenção prática de alguma vulnerabilidade, outra atue na área informativa. Por exemplo: a Secretaria da Saúde pode atuar em campanhas de aplicação de vacinas, enquanto a Secretaria da Educação atua em programas educacionais visando a consolidação do conhecimento dos seus alunos sobre o tema e como aderir aos programas disponíveis. Em resumo, uma forma muito eficiente de fazer com que a informação chegue na forma correta e no período em que o foco de atuação é capaz de trazer os melhores resultados. Porém, o estabelecimento de redes não é tão simples quanto parece, pois requer uma atuação coordenada de um grupo de trabalho multidisciplinar que deverá estabelecer um vínculo de confiança entre seus entes, deixando de lado aspectos políticos e ideológicos e, assim, aumentando a abrangência de sua atuação, evitando o conforto de agir exclusivamente pelos próprios objetivos.
Trata-se de uma quebra de paradigma que pode proporcionar aos cidadãos, sobretudo aos jovens, a grande oportunidade de buscar a sua plena autorrealização e desenvolvimento e não somente sobreviver às adversidades.
Professora Maria Helena Possette
Especialista em Gestão de Políticas Públicas